quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Mais higienismo: Kassab diz que remoção de moradores de rua é para proteger patrimônio

Mais higienismo: Kassab diz que remoção de moradores de rua é para proteger patrimônio

Kassab diz que quer proteger patrimônio

ARTUR RODRIGUES
JULIANA DEODORO

O prefeito Gilberto Kassab (PSD) disse nesta terça-feira que a retirada dos moradores de rua da frente da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo São Francisco, região central da cidade, era para a liberação do espaço público e preservação do patrimônio. Ele negou que se trata de um projeto voltado especificamente a retirar essa população do centro da cidade e afirmou que não houve truculência na ação da Guarda Civil Metropolitana (GCM).
“O objetivo não são os moradores de rua, que merecem nossa solidariedade. A ação era em relação a poder recuperar o espaço público que estava ocupado indevidamente, trazendo risco para a manutenção de um patrimônio tombado”, disse. Segundo o prefeito, ações parecidas podem acontecer quando houver “qualquer cidadão que esteja transgredindo a norma básica de dar direito a outros transitarem”.
O secretário municipal de Segurança Urbana, Edsom Ortega, garantiu que não há situação parecida na cidade. Segundo ele, o patrimônio público estava sofrendo vandalismo. “Havia pichação, pessoas apoiando acampamento na parede, amarrando as barracas e cobertores, fazendo as necessidades fisiológica ali”, disse.
No segundo dia desde a desocupação da calçada na frente da Faculdade de Direito, os moradores de rua ainda estavam na região. Proibidos de ficar nas imediações do prédio, eles transferiram seus cobertores, papelões e barracas para as calçadas das ruas Benjamin Constant e Senador Feijó.
“Estão transferindo a gente. Não podemos ficar na frente do prédio, onde é mais seguro, mas aqui eles deixam”, disse o morador de rua André Elias, de 27 anos.
Para o diretor-geral do Centro Acadêmico XI de Agosto, Alexandre Ferreira, a alegação de que o patrimônio estava sendo danificado foi um pretexto. “Para proteger o que é público, se esquece que existe o patrimônio daquela pessoa que está ali. Essa ação é um sintoma de que algumas coisas estão erradas.” Outro aluno que preferiu não se identificar disse que havia gostado do resultado da ação. “Era impossível passar por aqui à noite, mas sei que os resultados são momentâneos.”
Pela manhã, além das cinco viaturas e 14 guardas da GCM que protegiam o prédio, dois veículos da Secretaria Municipal de Assistência Social estiveram no local para levar os interessados a albergues. Só dois aceitaram, segundo a secretaria.

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